A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso do primeiro medicamento injetável para o tratamento de sobrepeso e obesidade. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (2) e libera a aplicação do Wegovy (semaglutida 2,4 mg), da farmacêutica Novo Nordisk. O composto já era utilizado no país para o tratamento do diabetes tipo 2, com o nome de Ozempic, e aplicado para obesidade de forma off-label, sem orientação da bula.
O médico Paulo Miranda, presidente da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), avalia que a aprovação é mais uma ferramenta no combate à obesidade, mas alerta que não se pode achar que o medicamento é a solução para tudo.
"Os estudos mostram uma resposta terapêutica com perda de 17% de peso corporal ao longo de 12 meses de tratamento. A terapia é a de maior eficácia para o controle da obesidade em termos de perda de peso global. A gente sempre lembra que o tratamento da obesidade não faz só com tratamento farmacológico. É importante a mudança no estilo de vida e de hábitos alimentares com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar", diz.
O medicamento é um análogo ao GLP-1, um hormônio presente no intestino que é responsável por informar ao cérebro que o corpo está alimentado e que é preciso reduzir a sensação de fome. O Wegovy semaglutida 2,4 mg age justamente 'imitando' essa saciedade.
Os estudos mostraram uma perda de peso de, em média, 17% em 68 semanas. No grupo de controle, que usou placebo, este número foi de 2,4%. O medicamento só pode ser usado com prescrição médica. Entre os efeitos colaterais estão alterações gastrointestinais, náuseas, diarreia, vômitos e dores abdominais.
De acordo com o laboratório Novo Nordisk ainda não há previsão de comercialização do medicamento no Brasil. "Ainda não há uma data definida para que ele chegue ao mercado visto que, após a análise de conformidade pela Anvisa, deve-se aguardar a finalização de outros processos, como a definição de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos", disse a empresa em um comunicado.
No SUS (Sistema Único de Saúde) também não há previsão de implementação e uso da substância, uma vez que se trata de um medicamento de alto custo.