Pesquisadores chineses coletaram quase 700 amostras de roedores que vivem em Hainan, ilha isolada na costa sul da China continental e lar de cerca de 9 milhões de chineses, descobrindo diversos patógenos até então desconhecidos.
Especialistas afirmam que esses patógenos têm uma "alta probabilidade" de infectar humanos, caso cruzem a barreira da espécie. Um estudo publicado na revista Virologica Sinica, braço editorial da Sociedade Chinesa de Microbiologia (CSM), alerta para o risco de zoonoses se esses vírus atravessarem a barreira do hospedeiro. A revista Virologica Sinica é editada pela Dra. Shi Zhengli, conhecida como a "mulher morcego" da China, que trabalha no Instituto de Virologia de Wuhan e já esteve preocupada com a possibilidade de a C-19 ter vazado de dentro de seu laboratório, de acordo com colegas.
O novo estudo analisou 682 swabs anais e de garganta coletados de vários roedores capturados em Hainan entre 2017 e 2021. Essas amostras, categorizadas por espécie específica de roedores e localização na ilha, foram enviadas para o laboratório da Dra. Shi Zhengli para serem examinadas.
A análise revelou uma série de novos vírus, incluindo um novo tipo de corona que os cientistas chineses apelidaram de CoV-HMU-1. Além disso, vários outros patógenos em outros grupos de vírus foram encontrados, entre eles, dois novos pestivírus, relacionados à febre amarela e à dengue, um novo astrovírus, uma família de vírus que infectam diversas espécies além dos humanos, dois novos parvovírus, que podem causar sintomas semelhantes aos da gripe, e dois novos papilomavírus, uma família de patógenos que pode causar verrugas genitais e câncer em pessoas.
Roedores portadores de patógenos representam uma enorme ameaça em termos de zoonoses, afirmam os pesquisadores, devido à sua ampla distribuição, diversidade de espécies e forte capacidade reprodutiva. Além disso, esses roedores migram em grupos e se concentram em lugares densamente povoados, úmidos e quentes, como o centro e sul da China, o que lhes proporciona muitas oportunidades de interagir com seres humanos. Essas descobertas destacam a importância da vigilância e do monitoramento de patógenos em populações de animais selvagens, a fim de prevenir futuras ameaças à saúde pública.
A pesquisa chinesa ressalta a necessidade de uma cooperação internacional mais estreita na detecção e no estudo de potenciais patógenos que possam surgir a partir de animais, fortalecendo a vigilância global e os esforços de prevenção de doenças zoonóticas. Enquanto a origem da pandemia da COVID-19 continua a ser investigada, a comunidade científica global permanece vigilante em relação a futuras ameaças de doenças emergentes.