Na última segunda-feira, dia 3 de julho, uma operação conjunta envolvendo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resultou no resgate de um grupo de 14 trabalhadores que estavam sendo submetidos a condições semelhantes à escravidão na cidade de Governador Lindenberg, localizada na região norte do estado do Espírito Santo.
Os trabalhadores, que estavam envolvidos na colheita de café na região, foram encontrados em situação precária, sem a devida assinatura da Carteira de Trabalho e sem terem passado por exames médicos. A equipe de fiscalização constatou que eles estavam alojados em dois imóveis inadequados e precários, onde eram obrigados a dormir amontoados no chão.
Um dos alojamentos era uma adaptação de um depósito de fertilizantes, enquanto o outro era uma construção de madeira que, segundo relatos dos trabalhadores, já havia sido invadida por um escorpião. Além dos adultos, a equipe também encontrou um adolescente e quatro crianças, incluindo um bebê de colo, vivendo na mesma condição degradante.
Os trabalhadores não tinham acesso a água potável adequada, o que resultou em alguns deles adoecendo devido à má qualidade da água fornecida. Além disso, os sanitários estavam sujos e sem qualquer tipo de higiene, não havia chuveiro quente e apenas um cano de água estava disponível. O grupo tinha que adquirir papel higiênico e outros materiais de higiene pessoal por conta própria.
Além das condições de moradia e da falta de água potável, os trabalhadores também eram responsáveis por comprar sua própria alimentação diária em dois mercados locais. O valor gasto com alimentação chegava a mais de R$ 30.000, o que significava que a maior parte dos ganhos era destinada apenas para garantir a sobrevivência básica. Durante os últimas quatro dias, eles relataram aos inspetores do trabalho que estavam se alimentando apenas de mandioca cozida ou frita, pois não havia mais mantimentos disponíveis.
Diante da gravidade das condições encontradas, a Auditoria Fiscal do Trabalho do Ministério determinou o imediato resgate dos trabalhadores e seus familiares, que foram levados para um hotel na cidade de Colatina. Lá, eles se reuniram com a empregadora e seu representante legal para discutir o pagamento das rescisões de trabalho de cada um. Após negociações com a equipe de fiscalização, todos os direitos trabalhistas foram pagos e os trabalhadores foram encaminhados de volta às suas cidades de origem, com todas as despesas arcadas pelo empregador.
A ação foi conduzida pela Inspeção do Trabalho do MTE, contando com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), demonstrando a importância da atuação conjunta para combater práticas de trabalho degradantes e garantir o respeito aos direitos fundamentais dos trabalhadores.