O Curta Vitória a Minas II selecionou por meio de concurso dez histórias contadas por moradores de cidades que se desenvolveram no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Após uma imersão de quinze dias para estudar noções básicas de roteiro, direção, fotografia, som, produção, direção de arte e mobilização comunitária, cada um dos dez autores voltou para sua cidade de origem para articular e envolver a comunidade em atividades técnicas e artísticas desde a pré-produção até a filmagem da obra.
Ainda em 2023, o Curta Vitória a Minas II exibirá os documentários e ficções em telonas de cinema montadas em ruas e praças das comunidades participantes durante sessões abertas e gratuitas. As obras serão ainda inscritas em mostras e festivais audiovisuais de todo o país, possibilitando a divulgação e a visibilidade dos conteúdos para outros públicos.
PROJETOS COLATINENSES EM DESTAQUE
A retirada dos trilhos do trem do centro de Colatina em 1975, foi a inspiração para a história “O Último Trem”, escrita por Fabrício Bertoni, um dos selecionados do Curta Vitória a Minas II.
As gravações do curta-metragem aconteceram nos dias 28 e 29 de janeiro de 2023 no distrito de Itapina. O local foi escolhido como cenário do filme por ainda manter as características arquitetônicas dos antigos centros comerciais que se desenvolveram em torno da ferrovia. O distrito foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 2013, para preservar seu conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico.
“Foi muito bom gravar no sítio de Itapina porque a região abriga uma estação de trem e remete à história que eu conto de dois meninos que vendem cocada para ajudar a mãe. Quando eu viajava de trem, costumava ver meninos vendendo doces nas paradas do trem. Isso me comoveu muito porque eu também era pequeno e me inspirou a escrever esta história”, conta Fabrício.
A escolha do antigo distrito como cenário para o filme é um gesto de valorização e reconhecimento histórico da localidade. “Esse trabalho reafirma a existência deste lugar e a importância do não esquecimento e, acima de tudo, revela como a arte serve para resgatar e para devolver a prosperidade a um lugar”, avalia o cineasta André da Costa Pinto, que acompanhou o trabalho de produção e filmagens, a convite do Instituto Marlin Azul.
O desafio de transformar uma história em filme mobilizou uma rede de colaboração em Colatina. A gravação da ficção “O Último Trem”, que tem roteiro, produção e direção de Fabrício Bertoni, envolveu artistas, produtores, estudantes e pequenos empreendedores da cidade. Ao retornar das oficinas audiovisuais do Curta Vitória a Minas II, um dos primeiros movimentos de pré-produção do diretor para realização do curta-metragem foi a parceria com a Companhia de Teatro Art Manha, coordenada pelo ator Kaio Henrique.
Outro projeto de destaque que encerrará a etapa de filmagens em Colatina (ES), é o documentário “Colatina, A Princesa do Rock”, do jornalista Nilo Tardin. As filmagens serão em 30 e 31 de março e 1º de abril. O documentário fará uma viagem no tempo para contar como a cidade viveu a revolução de comportamento e costumes após o surgimento do rock and roll e se destacou ao abrigar a primeira banda de rock do Espírito Santo, a Jet Boys.
Desde janeiro deste ano já foram gravados os filmes “Dezinha e Sua Saga”, da auxiliar de serviços gerais Luciene Crepalde, de Nova Era (MG); “Reciclando Vidas e Sonhos”, da coletora de materiais recicláveis, Ana Paula Imberti, de Ibiraçu (ES); “O Último Trem”, do vendedor Fabrício Bertoni, de Colatina (ES); “Santa Cruz”, da artista visual Rita Bordone, de Ipatinga (MG); e “O Tempo era 1972”, do aposentado Ademir de Sena Moreira, de Naque (MG).
Acesse o site oficial do projeto e saiba mais: curtavitoriaaminas.com.br
Fonte Texto: Simony Leite Siqueira
Fotos: Gustavo Louzada