O caso de uma senhora que teria sofrido queimaduras ao manusear o micro-ondas enquanto falava ao celular está circulando pelo WhatsApp. No entanto, Marcelo Zuffo, professor de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, afirma que se trata de fake news.
"Não há nada comprovado cientificamente de que um celular possa causar algum tipo de explosão ao ser manuseado juntamente com um eletrodoméstico", explica. "É lenda urbana", completa.
A imagem da mulher disseminada pelo aplicativo de troca de mensagens era acompanhada de um áudio, supostamente informando o caso.
A mensagem de áudio dizia que o acidente ocorreu na cozinha de uma moradora de Pinheiral, a cerca de 120 km da capital fluminense. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Pinheiral relatou que, segundo a administração do Hospital Municipal de Pinheiral, “nenhum paciente deu entrada na unidade e nem mesmo no pronto-socorro com características do acidente relatado nesta corrente de WhatsApp”.
O professor da Poli USP explica que a radiação de um celular é muito baixa para provocar uma combustão, mesmo a radiação de um micro-ondas sendo mais forte. De acordo com Zuffo, alguns estudos já foram feitos a respeito do assunto, mas não foi comprovado que a radiação possa trazer algum malefício ao organismo. Mas ele não descarta a possibilidade de que isso aconteça. “Seria um caso bem raro”.
O dermatologista Caio Lamunier, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirma que esse tipo de queimadura no rosto da senhora aparenta ser de no mínimo grau 2, quando faz bolha na pele.
Em relação à possível causa, Lamunier ressalta que a queimadura não seria compatível a uma explosão de um aparelho celular, pois esse tipo de queimadura não é capaz de atingir uma área extensa. “Pela imagem, pela expansão das lesões, parece ser mais uma queimadura ocasionada por fogo, como fogueira,”, finaliza o dermatologista.